Hoje é o dia Mundial de Saúde Mental, e, como vocês sabem saúde mental está diretamente ligado ao meu trabalho do dia a dia, mas também à vida de muita gente, afinal sem saúde mental não há saúde. Falar sobre isso não é fácil, já que envolve uma série de estigmas e falta de informação, onde a figura do “louco” ainda é muito associada à periculosidade, a depressão é vista como fraqueza, e a internação, a única alternativa de tratamento, de “voltar ao normal”. A Organização Mundial de Saúde diz que o estado de completo bem estar físico, mental e social define o que é saúde. Desta forma, tal conceito implica um critério de valores, já que lida com a idéia de bem-estar e mal-estar, o que pode ser confundido como uma fiscalização das normas sociais a que devemos nos adequar, levando aqueles que não cabem nesta moldura a receberem o carimbo de doente mental.
Doença mental não é um termo só para pessoas que têm delírios ou se sentem perseguidos. O sofrimento causado por um acometimento mental não pode ser mensurado e nem é uma escolha consciente, mas sim uma perda da capacidade de escolher, poder conduzir e mesmo entender essas escolhas. A dor psíquica pode ser entendida como uma desorganização da vida mental, havendo uma perda da liberdade interior. Infelizmente, constatamos com grande freqüência que a doença mental também é acompanhada da perda da liberdade exterior, do direito de ir e vir, de ter opinião, de ser ouvido, de ser tratado com respeito e dignidade. É necessário que se encontre o justo equilíbrio entre o dever de tratar os pacientes com transtornos mentais e o direito desses à liberdade.
Quando digo liberdade refiro-me às possibilidades de convívio familiar, de exercer cidadania ou mesmo poder ter um amor. Existem diagnósticos diferenciados para melhor auxiliar o tratamento, tanto com medicação específica como com diferentes formas de terapia, de forma que, independente do rótulo-doença que a pessoa possua, ela possa ser atendida em suas necessidades. O sofrimento dos pacientes deve ser o foco da intervenção, possuindo em seu atendimento um plano terapêutico individual, com atividades interdisciplinares, sendo oferecido também um espaço para a família.
Escrevi muito né? Mas eu queria só indicar aqui uma pessoa que fica entre a loucura e a genialidade, o Arthur Bispo do Rosário:
A revista Elle de setembro fez uma bela reportagem sobre esse sergipano que passou boa parte da vida em um manicômio, criando e inventando muito. A matéria toda está aqui. Agora eu vou saindo pra buscar o meu carrinho...